quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Primeiros Passos

Penso que todas as mães, desejam tudo de bom para seus filhos, que eles cresçam felizes, que tenha muitos amigos, que se deem bem na escola, que sejam afetuosos e comunicativos...
Claro , logo de cara, entendemos que para que algum dia eles possam usufruir de tudo isto, os mesmos terão que aprender a contornar, ou a retirar ,as pedras que encontrarão no meio de percurso.
Não sei explicar... mais logo no início comecei a perceber pedras diferentes no percurso do meu pequenino, e as mais pontiagudas surgiram em um meio muito próximo a mim, professora do ensino fundamental, na ESCOLA.
Acho que posso sintetizar em dois grandes ciclos , que abrangerão a idade de 3 anos até a atual, 6 anos e 9 meses... longos 3 anos e 9 meses!
1ª FASE
Aos 3 anos , Rafa ingressou no maternal de uma escola particular conceituada. Comunicativo, desenrolado, safo e inteligente, pensei que ali seria uma fonte a mais a contribuir para seu desenvolvimento...entretanto...percebi em nossa casa, falas do tipo: _ Mãe , eu não tenho amiguinhos na escola, sou chato!!_ Não aprendo nada nesta escola!!
Logo fui chamada... _"Mãezinha", seu filho não está fazendo as tarefas em sala de aula! anda questionando tudo, as regras, desde o direcionamento de uma atividade até o porque andar em filas!! Chamei-o na mesma hora, na frente da professora e perguntei:_ Porque não está fazendo as tarefas? e obtive a resposta:_Porque aqui só pintamos... não gosto de pintar!_ Quero saber porque os dinossauros morreram , porque o foguete voa....
Os meses se passaram , a escola não sabia lidar com as diferenças que surgiam no comportamento dele ...e nem eu...então , procurei uma psicóloga e o transferi de escola.
Antes de achar a psicóloga correta ,amarguei quase 6 meses em uma errada, mais prefiro não relembrar este período inútil.
Acertei quando entrei em contato com uma Doutora da UNB em psicologia, que me indicou uma super psicóloga no Plano Piloto ,Brasília. Fui... e depois de doze sessões, com muitos testes e observações, veio o resultado : ele é uma criança com altas habilidades / superdotação, tanto acadêmica , quanto criativo-produtivo, ou seja, uma criança com necessidades especiais. Jóia! já sabia o que era, agora era estudar, procurar entender o que tudo isto significava, para assim poder ajudá-lo a lidar com estas diferenças!
Foi o que fiz! passei a entendê-lo mais, a ser mais aberta a novos pensamentos , novas possibilidades ... entendi a necessidade de investir mais em tempo, atenção, amor, limites ...
Em contrapartida a nova escola também não estava encontrando o meio de trabalhar com ele, sua socialização não era das melhores e o desinteresse o levava até a tirar umas sonecas no meio da aula , solução dada era só uma: acelerar... esta hipótese já havia sido descartada pela psicóloga dele, pois o mesmo não tinha maturidade emocional para tal. (capacidade intelectual e criativa não necessariamente é atrelada a afetiva-emocional)
2ª FASE
Após dois anos de tentativas nesta nova escola, o retirei novamente... "apertei o cinto", retirei do orçamento o que podia, e o matriculei em uma escola inovadora , com ótimos resultados e cara... o que fazer? procuro o melhor para ele , onde o melhor estiver!
Paralelo a isto ele ,ao receber o diagnóstico ,foi indicado para uma vaga na sala de recursos de altas habilidades/ superdotação , mantida pela SEDF, e tinha assim ,uma vez por semana, contato com outras crianças como ele, com interesses comuns.
Este escola atual o acolheu como devia, reconheceu suas diferenças e suas necessidades especiais, que perpassava pela adaptação curricular, e a atenção ao seu lado afetivo, emocional... espero que esta lua de mel dure!!!
Beijinhos, mamãe coruja

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um pouco sobre a superdotação - Texto retirado do site www.conbrasd.com.br

A habilidade superior, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são gradações de um mesmo fenômeno, que vem sendo estudado há décadas em diversos países.
Chamamos de precoce a criança que apresenta alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na música, na matemática, na linguagem ou na leitura.
Utilizamos o termo “criança prodígio” para sugerir algo extremo, raro e único, fora do curso normal da natureza. Um exemplo seria Wolfgang Amadeus Mozart, que começou a tocar piano aos três anos de idade. Aos quatro anos, sem orientação formal, já aprendia peças com rapidez, e aos sete já compunha regularmente e se apresentava nos principais salões da Europa.
Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres, são ainda exemplos de gênios, termo este reservado para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história.
As habilidades apresentadas pelas pessoas aqui citadas, tenham sido elas precoces, prodígios ou gênios podem ser enquadradas em um termo mais amplo, que é a superdotação ou altas habilidades.
O superdotado/talentoso/portador de altas habilidades é aquele indivíduo que, quando comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em alguma área do conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas:
-Acadêmica: tira boas notas em algumas matérias na escola – não necessariamente em todas – tem facilidade com as abstrações, compreensão rápida das coisas, demonstra facilidade em memorizar etc;

-Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com idéias, tem respostas bem humoradas e diferentes do usual;

-Liderança: é cooperativo, gosta de liderar os que estão a seu redor, é sociável e prefere não estar só;

-Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores através da arte, dança, teatro ou música

-Psicomotora: Habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do corpo ou parte dele; boa coordenação psicomotora;

-Motivação: torna-se totalmente envolvido pela atividade do seu interesse, resiste à interrupção, facilmente se chateia com tarefas de rotina, se esforça para atingir a perfeição, e necessita pequena motivação externa para completar um trabalho percebido como estimulante.
Joseph Renzulli, renomado pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, em seu Modelo dos Três anéis, considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de traços:


a) habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (não necessariamente muito superior à média),


b) envolvimento com a tarefa (implica em motivação, vontade de realizar uma tarefa, perseverança e concentração);


c) criatividade (pensar em algo diferente, ver novos significados e implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em outro).
Modelo de Três Anéis:

Nem sempre a criança apresenta este conjunto de traços desenvolvidos igualmente, mas, se lhe forem dadas oportunidades, poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu potencial.
Renzulli discute ainda a importância de se entender a superdotação como uma condição ou um comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma habilidade superior à média da população), em certas ocasiões (e não continuamente, uma vez que é possível se demonstrar comportamentos de superdotação na infância mas não na idade adulta, ou apenas em alguma série escolar ou em um momento da vida) e sob certas circunstâncias (e não em todas as circunstâncias da vida de uma pessoa) [Renzulli & Reis, 1997].
Esta diferenciação é importante, pois este autor, ao considerar a superdotação como um comportamento a ser desenvolvido, retira a discussão da questão, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como superdotada ou não, para enfocá-la na necessidade de se oferecer oportunidades educacionais fundamentais e variadas para que um número maior de crianças possa desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação.
Deste ponto de vista, segue-se que tais comportamentos podem e devem ser desenvolvidos naquelas pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou apresentam maiores resultados em testes de QI.